Atualizado em: 28/02/2024 – 09:02:09

Temida por uns, natural para outros, a morte é um assunto que ainda enfrenta tabus na sociedade, mesmo sendo o fim inevitável de todo ser humano. Apesar de ser uma certeza, o momento da partida nunca é fácil, principalmente para os familiares e amigos que ficam e vivem o luto. Por outro lado, rituais de despedida, como o velório, ajudam a tornar a hora do adeus menos dolorosa, e é aí que entra em cena a Tanatopraxia, técnica de preparação de corpos que revolucionou o mercado funerário, sendo a prática padrão utilizada no Brasil e em diversos países.

O objetivo da Tanatopraxia é retardar o processo de decomposição do corpo, conferindo um semblante mais saudável e próximo de quando a pessoa era viva, assim é possível garantir um velório digno e sem constrangimento aos familiares. O processo de preparação pode, inclusive, realizar reconstruções faciais e outros tipos de preservação, como embalsamamento.

Primeiro serviço funerário da capital mineira, com 122 anos de mercado, a Funerária Santa Casa BH é referência na prática, sendo a única da cidade totalmente certificada pela ISO 9001, que estabelece um modelo de gestão da qualidade. A empresa também possui, há quase 80 anos, um convênio com a Prefeitura de Belo Horizonte que realiza mensalmente, de forma solidária, a preparação e o sepultamento gratuitos de 100 corpos de pessoas em situação de vulnerabilidade social da capital e da Região Metropolitana.

O supervisor da Funerária, Alexandre Alberto Ferreira, explica como é feita a Tanatopraxia. “Para assegurar que o falecido fique com a melhor aparência possível até o momento do sepultamento ou da cremação, é realizada a desinfecção do corpo com germicidas, com o intuito de evitar a proliferação de micro-organismos causadores de doenças. Em seguida, injetamos produtos químicos à base de formol nas artérias e na região abdominal, tudo de forma não invasiva. Também utilizamos técnicas e equipamentos que fazem a drenagem e a sucção de fluidos corporais, que acabam se tornando aceleradores do processo de decomposição”, descreve.

Após essa etapa, continua Alexandre, “é aplicada a necromaquiagem, para deixar o falecido com uma fisionomia mais natural e ‘descansada’, e é feita a ornamentação na urna. Nessa fase, a família costuma indicar o que a pessoa costumava usar, como a cor do batom ou uma roupa que gostava. É uma forma de fazer uma última homenagem”, explica o supervisor da Funerária Santa Casa BH.

 

Muito além da estética

Como reforça Alexandre, o trabalho do tanatopraxista não é puramente técnico e existe uma preocupação que vai muito além da estética. Cada corpo tratado na funerária é visto e lembrado como alguém importante para outras pessoas. “Pensamos sempre nisso para realizar o melhor trabalho possível, pois queremos proporcionar um pouco de conforto às famílias em um momento tão difícil, que é a despedida de um ente querido. Por isso, o trabalho do tanatopraxista tem um alto valor psicológico e emocional”, ressalta.

 

Mercado de trabalho

Apesar de ainda ser cercada por tabus, por outro lado, a morte também desperta curiosidade em muitas pessoas que buscam, inclusive, trabalhar na área. O tanatopraxista é uma profissão muito procurada no mercado e oferece salários de até R$ 2.577,29, segundo dados de 2023 do site salário.com, que destaca ainda que Belo Horizonte é a cidade com mais ocorrências de contratações de profissionais.

Um grande atrativo para atuar na área é a rápida qualificação. O curso de Tanatopraxia da Faculdade Santa Casa BH, por exemplo – referência no ensino em Saúde na capital mineira – possui carga horária de 60 horas. Além da teoria, que aborda anatomia, técnicas de conservação, embalsamento, legislação, necromaquiagem e outros temas, a capacitação oferece aulas práticas realizadas na Funerária Santa Casa BH.

As inscrições para a próxima turma do curso estão abertas até 24/05 e podem ser feitas no site faculdadesantacasabh.org.br.

 

Curiosidades

A Tanatopraxia faz referência a Thanatos, o deus da morte na mitologia grega, e foi desenvolvida nos Estados Unidos e em países da Europa, como França e Itália, após a Segunda Guerra Mundial. A prática chegou ao Brasil nos anos 1980, sendo Belo Horizonte uma das cidades pioneiras.

O Projeto de Lei 1261/2022, proposto pela senadora Soraya Thronicke (União-MS) e em tramitação no Senado Federal, propõe regulamentar a profissão de tanatopraxista e do técnico em Tanatopraxia. O PL se baseia no aperfeiçoamento da indústria funerária, em aspectos ambientais e de saúde pública relativos ao exercício da atividade e no valor psicológico e emocional do serviço.

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